23.4.08

D E S C U L P A S

Estou eu aqui tentando escrever sobre trabalhar no setor público ao mesmo tempo que copio um questionário de dez perguntas sobre livros que saiu na Zero Hora (e eu que jurei nunca escrever "Zero Hora" nos meus textos). Eis que me chama minha colega e amiga Lu comentando sobre uma mensagem que recebera de um pretenso interessado. O rapaz, que conseguira seu telefone através de um amigo em comum, ousadamente lhe enviara um torpedo perguntando se ela tinha algum compromisso para hoje. A Lu, nem um pouco interessada em sair com o cara, vira-se pra mim, e com aquela cara de aflição pergunta "Digo que eu tenho o quê hoje pra me livrar do cara? Inglês, terapia, ioga?" Eu, no melhor intuito de ajuda, respondo "Ah, fala que vai sair com o namorado, assim te livra logo de uma vez." Pensando melhor, emendei "Fala logo que vai sair com a namorada, assim ele desiste." Num ímpeto de resolver definitivamente a questão para minha amiga Lu, usei a técnica do absurdo orientando a colega "Diz pra ele que hoje é quarta-feira e é dia de zoofilia, então tu vai sair com teu cavalo. E ponto final." O cara nunca mais vai incomodar a Lu.

18.4.08

B O R B O L E T A S

"As borboletas têm dois pares de asas membranosas cobertas de escamas e peças bucais adaptadas a sucção. Distinguem-se das traças (mariposas) pelas antenas retilíneas que terminam numa bola, pelos hábitos de vida diurnos, pela metamorfose que decorre dentro de uma crisálida rígida e pelo abdômen fino e alongado. Quando em repouso, as borboletas dobram as suas asas para cima." (http://www.wikipedia.org)

Eu já andava com saudades de falar em borboletas. A Shana, minha colega de trabalho que é estagiária de RP, tem 23 anos, é lindíssima e namora um cabeludo, contou que uma vez "tratou" uma borboleta. Segundo ela "a pobrezinha tava dodói" e ela resolver cuidar da bichinha até sarar. A grande dúvida da pequena Shana era apenas como alimentar aquela delicadeza de inseto, problema prontamente resolvido com alguns grânulos de açúcar avidamente "lambidos" da palma de sua mão. Que doce.

Eis que num momento de lucidez me dei conta que já era hora outra vez. Elas visitaram meu http://www.fotolog.com/mboeira por dias seguidos no início. De repente viraram uma grande mariposa feiosa. E agora voltaram a ser borboletas, coloridas e farfalhantes, retumbando no meu estômago. Mas eu tive medo de as expor outra vez ao mundo, medo de virarem mais uma vez mariposa travestida de desengano. Foi então que me dei conta: "e daí?" Que o mundo saiba, que falem, que cochichem à minha volta, que adorem ou que odeiem. Quem está com borboletas no estômago, sorriso na cara, pele corada e a vida em dia sou eu. E quem vai cair do cavalo alado em caso de nuvem de mariposas sou eu. Então quero mais que as borboletas aqui no meu ventre façam amor e se multipliquem enquanto for infinito.
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A foto aí em cima foi tirada pela artista plástica, jornalista e amiga-retomada-da-adolescência Vivi Gueller. Ela conta que é assim que as borboletas fazem amor. E viu isso da própria janela.

11.4.08

M E N

Dorothy Parker é foda. Andei ouvindo coisas ontem e lendo outras hoje que me deixaram com aquele ar pesado de tempestade de verão. Então fui atrás de alguma coisa da Dottie que tivesse digitado no meu pen drive (companheiro inseparável!), pois esqueci o livro em casa. Lá estava um único documento do word. Abri e eis que o único poema que digitara era esse. E foi simplesmente perfeito o encaixe.
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Men
They hail you as their morning star
Because you are the way you are.
If you return the sentiment,
They’ll try to make you different;
And once they have you, safe and sound,
They want to change you all around.
Your moods and ways they put a curse on;
They’d make of you another person.
They cannot let you go your gait;
They influence and educate
They’d alter all they admired
They make me sick, they make me tired.
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Sorte que hoje tem Hibria no Manara e vou bater muita cabeça pra ver se tonteia os macaquinhos do sótão que andam inventando sentimentos que não deveriam haver.

4.4.08

T W O W O R D S A B O U T Y E S T E R D A Y & T O M O R R O W

I'd trade all o' my tomorrows
For one single yesterday
– Janis Joplin –

Oh, seek, my love, your newer way;
I’ll not be left in sorrow
So long as I have yesterday,
Go take your damned tomorrow!
– Dorothy Parker –

3.4.08

S O M A T I Z A N D O

Eu já escrevi isso mil vezes, mas nunca um post inteirinho só sobre isso.

Eu somatizo tudo. Meu corpo reage a cada acontecimento da minha vida conforme a intensidade deles. Ontem acordei gripada, hoje estou febril. Mas nunca escrevi tanto, produção, produção, produção. Dizem que a febre é um alerta de que algo não está bem com nosso corpo. Um aviso de que o funcionamento dele não está correto. Será que estou agindo em desacordo com meus valores? Por que dizem que a dor e a raiva produzem as melhores artes?

1.4.08

C O M P A R T I L H A N D O M Ú S I C A S

Eu sempre fui meio avessa a dividir minhas eternamente favoritas músicas com meus amores tão sempre passageiros. Concordo que não há nada mais gostoso que compartilhar momentos bacanas com alguém e ainda por cima ao som dos meus acordes prediletos. O problema é quando acaba a relação. E fica aquele resquício de mágoa. E lá vai aquela canção que tanto prazer me dava para a trilha sonora das desilusões. Aconteceu com Nina Simone, Norah Jones, Dylan, Warrant, Tyketto e Malmsteen. Alguns deles já superei, outros ainda me revira o estômago só de pensar em ouvi-los. Sei que passa, tudo se supera nessa vida, clichêzão, lá vai, o tempo é o pai dos remédios. A única coisa que não se recupera é o agora. Para a perda desse não tem alimento que acalme a fome da alma.