22.6.05

I T ' S R O C K ' N ' R O L L N I G H T

I love rock 'n' roll... Sim, amo. É uma paixão antiga, vem desde os tempos dos shows no bar do meio no centro de Capão, onde os Ressacas tocavam muitos Beatles e a gente twist & shout.

Na verdade vem de antes ainda. Minha primeira discoteca básica começou em sociedade com minha irmã, com dois LPs que ganhamos da mamãe, eu aos 11 anos e ela aos 9. Um deles era um LP da Blitz que tinha umas 3 ou 4 faixas riscadas, censuradas pelo regime de governo da época. Lembro que a gente tentava insistentemente escutar qualquer palavra que fosse por baixo daquele monte de arranhões. O outro era um LP daquela banda alemã, Trio, que cantava uma música usada em uma propaganda que era algo mais ou menos como Dadada - Ich liebe dich nicht, du liebst mich nicht - aha (confesso que a frase de apoio nesse perfeito alemão só descobri recentemente). Com o passar dos anos, ao mesmo tempo que o bolachão foi deteriorando-se, fui descobrindo e apreciando as outras músicas do álbum.

Lá pelos 13 anos, no início da adolescência, comprei meus próprios discos do rock garajão de Replicantes, TNT, Cascavelletes (ops, acho que esse era uma K7 gravada - pirataria!) e Garotos da Rua. Um pouco depois já tinha também The Queen is Dead dos Smiths e The Head On The Door do Cure. Mas foi graças ao filem Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller Day Off, 1987) que descobri o universo encantado dos Beatles. Twist & Shout era a música tema desse clássico adolescente e a favorita dos meus primos mais velhos, sempre tocada nos Natais e Reveillons em família. Foram eles os primeiros músicos que conheci, os que tinham morado em Londres, os que estavam sempre cercados de amigos, mulheres, cerveja. E rock.

Aqui viajo àquele bar na praia, onde a banda-família dos natais e reveillons jameava uns shows toda noite, de quinta a domingo, num boteco que era misto de sinuca e palco. Foi lá que decorei as letras de La Bamba, Twist & Shout e Proud Mary. Era janeiro. Era 1990. Era o fim dos anos 80 (pelo menos foi o que todos pensamos).

E também o fim da minha adolescência (não tecnicamente, mas foi ao menos o fim do Segundo Grau). 1990 foi o ano em que comecei a beber, a fumar e a cair na noite (escondida da mamãe, é claro). 1991 veio o vestibular e a UFRGS - realidade muito diferente do coleginho de freiras em que estudei a minha vida inteira. E com ela, a Osvaldo. O Luar. A Lancheria. O João. O Lola. O banheiro do Lola (Iuc! Que lembrança!). E os músicos. E o hard rock, o heavy metal, o punk, o grunge. Conheci Van Halen, Metallica, Ramones (Sex Pistols já era um velho conhecido por causa do filme Sid & Nancy). Foi o ano do boom Nirvana no Brasil. E Faith No More no Gigantinho.

Em 92 virei groupie de bandas cover. Em 93 virei londrina e vi Iggy Pop na terra da Rainha. E em 94 Mr. Big, David Lee Roth e Pink Floyd, que merecia aqui uma linha só pra si. Ou melhor: um parágrafo inteiro.

Todos os terapeutas por cujas mãos passei dizem que essa fissura pelo rock e, principalmente pelo visual roqueiro (em mim e nos outros - homens e mulheres), é uma recusa do meu ego em deixar a adolescência e finalmente amadurecer. Que o dia em que eu conseguir vestir um terninho, usar um scarpin e um colar de pérolas e me interessar por um homem de cabelos curtos, sem tatuagem e jeans sem furos, finalmente terei dado um passo rumo a "adultescência".

Noutra sessão. Hoje tem Crossfire no 8 e 1/2.

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